Psiquiatria - Perguntas respondidas
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Um relato de ver imagens que dão ordens pode ser consequência de uma série de problemas:
 
1) quadros psicóticos, nos quais a pessoa perde o vínculo com a realidade e passa a ver e ouvir coisas que não estão presentes;
 
2) quadros de crises epilépticas, onde alterações cerebrais levam às mais diversas alterações psíquicas, que ocorrem de modo espontâneo e são, em geral, autolimitadas, durando poucos minutos;
 
3) fantasias; por vezes, em crianças, fantasias podem tornar-se muito fortes e serem descritas como se fossem reais; isto é mais comum em crianças pequenas e não em pré-adolescentes;
 
4) evitação da escola: às vezes, para evitar a escola, crianças inventam uma série de mal-estares relacionados à escola.
 
Os dados que você forneceu são muito poucos e as explicações acima podem não cobrir todas as possibilidades. É essencial consultar um psiquiatra que tenha experiência com crianças.
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Algumas pessoas têm medos exagerados de algumas situações na vida como, por exemplo, alturas, locais fechados ou, no seu caso, dirigir.
 
Dirigir realmente apresenta alguns riscos mas, para a maioria das pessoas que dirigem, isto representa uma ameaça com a qual conseguem lidar simplesmente dirigindo de modo cauteloso.
 
Quando ocorrem estes medos exagerados, fala-se em "fobias". No seu caso, é uma fobia de dirigir.
 
Muitas vezes, estas fobias aparecem no contexto de uma depressão ou transtorno de ansiedade generalizada e, nestes casos, o uso de uma medicação (geralmente, um inibidor de recaptação de serotonina) pode ajudar a melhorar o problema.
 
Entretanto, em outros casos, a fobia ocorre sem que haja sintomas de depressão ou outros sintomas de ansiedade ou também pode acontecer que a depressão e a ansiedade sejam tratadas, mas a fobia continue.
 
Nestes casos, usam-se técnicas baseadas na terapia comportamental, geralmente envolvendo exercícios em que a pessoa se acostume (ou reacostume), progressivamente, a dirigir.
 
A terapia para a fobia de dirigir pode ser feita por psiquiatras ou psicólogos experientes neste tipo de tratamento e mesmo algumas escolas de condutores possuem cursos para pessoas que têm um medo exagerado.
 
É importante que não tente controlar sua fobia com tranquilizantes benzodiazepínicos (aqueles que têm embalagem com faixa preta), pois eles não tratam o problema, podem dar problemas de memória e de incoordenação motora além de, em alguns casos, causarem dependência.
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Algumas pessoas podem ter um nível muito elevado de aversão e ansiedade ao serem expostas a ferimentos ou mesmo ouvirem falar deles. Em alguns casos, pode haver uma reação em que a pessoa se sente tonta e perde o equilíbrio. Este tipo de fobia de ferimentos pode ser tratado por psiquiatras e psicólogos com experiência no tratamento de fobias. A terapia comportamental e a terapia comportamental-cognitiva costumam ser muito eficazes para combater este tipo de problema.
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É comum, em pessoas que usam drogas (a nicotina é uma droga, do ponto de vista médico) ficarem neste processo que chamamos de "ambivalência": há momentos em que a pessoa fica com medo dos malefícios e, noutros, ela não pensa nisto, prefere pensar no que o cigarro tem de bom ou mesmo fica dizendo para si mesma - "mais para a frente eu paro, por enquanto não".
Existe um conjunto de técnicas usado para tentar melhorar a motivação da pessoa - ele tem o nome de "entrevista motivacional".
Exemplos de exercícios de técnicas motivacionais:
Anote de um lado de uma folha de papel todos os pontos positivos de você fumar (como, por exemplo, enfrentar o tédio, ficar mais acordado, etc.) e, do outro lado da folha, anote todos os aspectos negativos (risco de saúde, mau hálito, envelhecimento da pele, etc). Em seguida, leia tudo e decida o que pesa mais para você - os pontos positivos ou os negativos?
Pare e pense: fumar interfere nos objetivos que você tem para sua vida? Por quê?
Fumar interfere nas suas relações familiares e pessoais?
Ao longo de algumas sessões com técnicas motivacionais, frequentemente as pessoas se tornam mais interessadas em parar e oscilam menos entre o "querer" e o "não querer".
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O tabagismo é um dos maiores responsáveis por doenças e mortes, no mundo.
 
Assim, com certeza, todos que param estão aumentando a chance de terem uma boa qualidade de vida.
 
O uso do adesivo, da goma e da pastilha de nicotina sem acompanhamento de especialistas não costuma ter resultados superiores, de modo que, possivelmente, você parou mais por sua própria força de vontade que pela ajuda da nicotina.
 
Infelizmente, na maioria das dependências, tentar controlar não funciona, a longo prazo. Existe uma tendência maior à recaída, naquelas pessoas que tentam fumar "só um pouco".
 
Entretanto, existe uma série de recursos, na comunidade, para tratar fumantes, inclusive grupos gratuitos em postos de saúde. Por vezes, instituições de ensino e pesquisa, como o Hospital das Clínicas da USP ou outras também têm tratamentos. Nos tratamentos se usam as várias formas de reposição de nicotina que citei acima e remédios como a bupropiona, a vareniclina e a citisina (ainda não disponível no Brasil). As medicações possuem poucos efeitos colaterais e aumentam bastante a eficácia do tratamento.
 
Em relação à sua falta de vontade de parar, é normal que muitos usuários de drogas (e nicotina é uma droga) tenham este tipo de ambivalência: têm vários motivos para parar mas, ao mesmo tempo, o cigarro muitas vezes é companhia para momentos de tristeza e alegria, tédio, excesso de sono, alívio de estresse. Tem gente que fuma para conseguir evacuar, de manhã e até pessoas que fumam embaixo do chuveiro. Há aqueles que fumam para conseguir dormir (apesar de a nicotina, a médio prazo, piorar o sono) e os que fumam para combater, momentaneamente, a depressão e a ansiedade (apesar de que, a médio prazo, o cigarro piora a depressão e a ansiedade).
 
Existem técnicas chamadas de "técnicas motivacionais" que ajudam pessoas em dúvidas a decidirem com mais segurança sobre se vão ou não parar.

