Psiquiatria - Perguntas respondidas
-
A ansiedade é um fenômeno normal que nos prepara para enfrentar um perigo ou fugir dele. Entretanto, em alguns casos, ela se torna exagerada e acaba dificultando este processo, ao invés de facilitá-lo.
 
Para seu cérebro, a prova representa o perigo - equivalente, na natureza, à opção de fugir ou enfrentar o leão. Entretanto, neste caso, ao optar por enfrentar o leão e por este ser, potencialmente, perigoso (o que seria não conseguir vencer a luta - no caso, passar na prova), o nível de ansiedade assume proporções enormes, possivelmente porque algumas pessoas são mais predispostas a ter estas reações exageradas. E estados de ansiedade podem envolver dores (devidas à tensão muscular), sensação de angústia ou medo e dificuldades de concentração.
 
Em geral, este problema pode ser tratado com excelentes resultados com terapia comportamental ou comportamental-cognitiva.
 
Existem alguns remédios (principalmente os inibidores de recaptação de serotonina) que podem ser úteis mas, geralmente, a terapia comportamental é suficiente.
 
Não se deve fazer uso, em geral, de tranquilizantes benzodiazepínicos (aqueles vendidos em embalagens com faixa preta) pois, apesar de acalmarem, dificultam que a pessoa aprenda a lidar com estes problemas e, além disto, podem prejudicar a memória e diminuir mais a sua capacidade de se preparar para as provas.
-
O Haldol* (haloperidol) é uma medicação potente, porém antiga que, hoje em dia é substituída, preferencialmente, por medicações mais modernas, tais como a risperidona, a olanzapina, a clozapina etc., dependendo do caso. Os riscos do haloperidol estão, principalmente, numa reação chamada "discinesia tardia" na qual, ao longo do tempo, a pessoa desenvolve movimentos involuntários e incontroláveis, geralmente na face - mas, eventualmente, em outras partes do corpo.
O Neozine* (levomepromazina) também faz parte destas medicações mais antigas que, hoje em dia, geralmente são evitadas. A principal diferença entre a levomepromazina e o haloperidol é que a levomepromazina é mais sedativa, "dá" mais sono. Segundo alguns estudos, este subtipo de medicação antipsicótica pode ter probabilidades ainda maiores de levar à discinesia tardia.
Em princípio, não costuma haver uma justificativa para se combinar estes dois tipos de remédios e, mesmo muitos anos atrás, quando eles eram os únicos disponíveis, se recomendava que apenas um deles fosse usado, quando houvesse necessidade.
O diazepam é uma medicação tranquilizante, que pode aumentar o efeito de qualquer uma das duas anteriores e a associação dele com as medicações acima seria justificada apenas em raros casos, principalmente a longo prazo.
As primeiras duas drogas estão indicadas basicamente para o caso de psicoses, ou seja, em pacientes que estão delirando ou tendo alucinações, apesar de que, eventualmente, possam ser indicadas no tratamento de problemas como, por exemplo, tiques "nervosos".
Nenhuma das três está indicada no tratamento do abuso ou dependência de maconha. Se não houver outro motivo específico para o uso dos três remédios, o tratamento está errado.
-
Sua pergunta não está clara mas, se for na área psiquiátrica, uma possível explicação seria ela estar apresentando efeitos colaterais de remédios como, por exemplo, o haloperidol.
 
Entretanto, o mais correto seria você consultar um neurologista, pessoalmente.
-
Possivelmente, o fato de você ter ansiedade e depressão não ajudam, ou seja, é possível que elas predisponham você a ter outros problemas emocionais/psiquiátricos. Porém, só o fato de usar maconha e álcool pode propiciar que você apresente crises de pânico e sintomas psicóticos: a maconha é uma droga de efeitos mistos, sedativos e estimulantes, liberadores de emoções, aumento de apetite e, também, tem um pequeno potencial psicogênico (ou seja, de causar alterações psicóticas). Sabidamente, ela pode desencadear surtos psicóticos em pessoas mais predispostas. As crises de pânico são bem descritas com a maconha e, sobretudo, com o aumento da concentração de THC que ocorreu nos últimos 30 anos (de 2 a 3% para cerca de 12%) na erva, estes riscos são maiores. Por outro lado, se você fizer um acompanhamento do sono após a ingestão de bebidas, através de uma polissonografia, veria que o álcool, apesar de poder dar a impressão de auxiliar no sono, leva a um sono de qualidade muito pior.
Maconha e álcool não são bons calmantes nem medicações para dormir, justamente por causa dos efeitos colaterais possíveis.
Você deveria procurar um psiquiatra, de preferência quem tenha experiência com drogas, e conversar sobre os prós e contras dos efeitos do álcool e da maconha, em seu caso. Do ponto de vista médico é um direito seu usar, porém seria interessante você conhecer de forma clara as consequências para seu organismo e verificar se existem opções mais convenientes para você lidar com sua ansiedade, depressão e insônia.
-
A depressão é um problema que envolve alterações químicas complexas, no cérebro. Por outro lado, ela pode ser desencadeada e mantida por fatores externos, tais como problemas de relacionamento, tragédias pessoais, os mais diversos tipos de estresse e mesmo algumas doenças físicas ou cirurgias.
O profissional que diagnostica depressão melhor é o psiquiatra. Para tanto, ele conversará com você e confirmará, em primeiro lugar, se é realmente uma depressão que você tem. Isto, porque existem quadros semelhantes à depressão, mas que não requerem tratamento com remédios. São exemplos situações de luto por morte de indivíduos queridos, perdas de relacionamentos que deixam as pessoas "na fossa" ou mesmo um estado de tristeza pela presença de muitas coisas difíceis e poucas coisas agradáveis, na vida de uma pessoa.
Todo sofrimento merece atenção, mas apenas problemas com certas características devem ser tratados com medicação. Assim, certas situações podem ser abordadas com uma psicoterapia, na qual você exporá seus sofrimentos e procurará soluções para eles, junto com o profissional. Por outro lado, quadros prolongados, com semanas, meses ou mesmo anos de duração, nos quais a pessoa perde o prazer na maioria das coisas da vida, tem problemas de sono e apetite (falta ou excesso), diminuição do desejo sexual, grande presença de pensamentos tristes; dificuldades de concentração, devem ser tratados com remédios.
As medicações usadas na depressão são, em geral, bastante seguras e não causam dependência. A maioria das pessoas melhora no prazo de semanas a meses. Nos casos mais sérios, existem medicações mais potentes e o tratamento pode ser mais prolongado mas, em quase todas as pessoas é possível conseguir um controle ou, pelo menos, uma grande melhora.
Quando não é tratada, a depressão pode ter consequências graves, que vão desde a simples diminuição da qualidade de vida até a perdas profissionais, financeiras, familiares, aumento do risco de ter doenças ou mesmo de morte prematura.

